Autor : Leonídio Miranda - Professor e Pesquisador
O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) é uma avaliação de âmbito mundial aplicada de três em três anos aos estudantes concluintes da escolaridade básica e tem como finalidade comparar o desenvolvimento educacional nos 33 países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em cada país participante há uma coordenação local.
Para acessar os dados completos do PISA é possível acessar:
https://www.oecd.org/pisa/
https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/avaliacao-e-exames-educacionais/pisa/resultados
O Brasil não faz parte da OCDE e por isso participa do PISA como país convidado ao lado de tantos outros. Aqui, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) é a instituição responsável por aplicar o exame aos estudantes brasileiros. Salvo raras exceções, como no caso das “ilhas federais de excelência educacional”, não é novidade pra ninguém que a média dos estudantes brasileiros tem ficado muito abaixo da média dos países membros da OCDE. Porém, um detalhe passa quase despercebido em meio a tantos dados: o desempenho dos alunos da elite brasileira. Abaixo a figura que separa os estudantes por quintis socioeconômico. A linha vermelha marca os estudantes ricos do Brasil e as manchas amarelas marcam os estudantes mais pobres.
Fonte: OCDE, base de dados PISA 2022, tabelas I.B1.4.6 e I.B1.4.8.
O desempenho dos alunos brasileiros de altíssimo nível socioeconômico (marcado com a linha vermelha na figura acima) quando comparado com o desempenho dos alunos de mesmo nível dos outros países, diz muito sobre a formação intelectual da nossa elite. Nos diz que um aluno rico do Brasil terá que estudar mais cinco anos para atingir o nível de conhecimento em Leitura, Ciências e Matemática de um aluno rico do Canadá, por exemplo.
Quando a elite brasileira tem seu nível de conhecimento comparado com o da elite dos outros 68 países participantes do PISA 2015, membros ou não da OCDE, não passa da 61ª posição.
Se olharmos o desempenho desses mesmos alunos brasileiros, os de altíssimo nível socioeconômico, e o compararmos com o desempenho dos alunos pobres dos países membros da OCDE, eles apenas passam da 61ª posição para a 57ª. Um desempenho pra lá de pífio. Com uma ou outra variação em função do aumento do número de países participantes, este desempenho é praticamente o mesmo no PISA 2018 e 2022 (que deveria ter ocorrido em 2021, mas foi adiado em função da pandemia).
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