Por Nicolau Neto, professor.
Em sua coluna na Folha de S. Paulo, a jornalista Cristina Serra destacou que o ex-juiz e condutor da Lava Jato irá, após sessão recente do Supremo Tribunal Federal (STF), para lugar “reservado aos canalhas: a lata de lixo da história”.
A jornalista argumenta o que já falei, inclusive com textos publicados no meu Blog e nesta coluna. Moro não agiu como um juiz, mas como parte do processo. Foi parcial. Cristina diz que “a vaza jato mostrou que o ex-juiz Sérgio Moro sugeriu pistas, informantes e estratégias aos procuradores da Lava Jato, ou seja, tramou fora dos autos como chefe da investigação”.
Mas não parou por ai. Outros abusos jurídicos foram cometidos e também foram relatados por mim, não necessitando por enquanto, serem novamente expostos aqui.
As consequências dos abusos jurídicos em nome do “combate a corrupção” estão vindo a galope e começaram com a retirada dos direitos políticos (mas foram corrigidos com muita demora pelo STF) do ex-presidente Lula e impedindo que ele concorresse no processo eleitoral de 2018. Aqui não é uma defesa da inocência de Lula e nem de sua culpabilidade. O que sempre defendi e continuo a defender é que toda e qualquer pessoa tenha um julgamento justo. Todas as pesquisas apontavam o ex-presidente na liderança. Era o único capaz de vencer o que hoje ocupa o Palácio do Planalto. Lula não concorreu e foi preso sem provas que justificassem o ato. Bolsonaro ganhou e nomeou o ex-juiz Moro como Ministro da Justiça e Segurança Pública.
As peças do jogo de Xadrez tinham sido movimentadas e até mesmo os mais desavisados politicamente conseguiram perceber esses movimentos. Moro foi peça fundamental para a vitória de Bolsonaro.
O que ocupa o Palácio do Planalto merece o mesmo lugar de Moro. Não há outro lugar que não seja a lata de lixo da história para aquele que despreza as comunidades tradicionais (indígenas e quilombolas); que não apresentou nenhuma ação que vise combater as desigualdades, sobretudo aquelas advindas do racismo; que faz apologia à ditadura sempre que se acha ameaçado (proibido pela CF/88); que não tem apreço por educação e cultura e que desdenhou da maior crise sanitária e de saúde pública do século. Além de ter dificultado as ações de enfrentamento a Covid-19 por prefeitos/as e governadores/as e incitado à população a desrespeitar as medidas por eles/as adotadas ao promover aglomeração.
Esse lugar para Bolsonaro já está reservado. Resta saber em que tempo virá e por quais vias. Se pela própria população por meio do voto em 22 ou através de um processo de impeachment. Acredito menos nessa segunda possibilidade em face dos acordos políticos costurados que levaram as vitórias dos presidentes da Câmara e do Senado.
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