Por Darlan Reis Junior, historiador
Com 5 milhões e 490 mil casos de COVID-19, tendo 158 mil e 900 mortes até 30 de outubro, o Brasil se aproxima das eleições municipais de 15 de novembro. O que se vê pelo país é a disputa encarniçada pelo poder municipal, as prefeituras e câmaras de vereadores. Em muitas cidades pelo Brasil, as práticas de curral eleitoral se mantém vivas - fisiologismo, promessas mentirosas, campanhas vazias de conteúdo mas alegres na forma, carreatas, jingles, distribuição de material eleitoral, e claro, a campanha institucional do Tribunal Superior Eleitoral e da mídia em geral sobre o "papel da democracia".
Não obstante as candidaturas de conteúdo popular, que disputam essa verdadeira arena injusta, onde o poder econômico ainda mantém sua predominância, fazerem a denúncia da realidade vivida pelo povo, sabemos que os resultados na maioria dos casos será pela manutenção do status quo. É importante que a classe trabalhadora eleja seus representantes, para pelo menos ter uma trincheira de resistência no meio desse oceano de institucionalidade capitalista em que vivemos.
É preciso que votemos no dia 15 de Novembro para reforçar a luta que continuaremos nos dias 16, 17, 18, e aí por diante. A luta não é só eleitoral, nosso calendário político não deve ser pautado pelo calendário do TSE.
Ao mesmo tempo, é preciso que as candidaturas da classe trabalhadora e os militantes da Esquerda brasileira estejam prontos para ir além do discurso da cidade melhor para se viver, ou do discurso institucionalista - "orçamento participativo", "políticas públicas", e tantos outros que se repetem à exaustão mas que, aos ouvidos do povo não representam a verdadeira mudança, não chamam para a organização do poder popular, não mobilizam a classe trabalhadora, a não ser, muitas vezes, os políticos profissionais da chamada "Esquerda de Gabinete".
A Esquerda de Gabinete é aquela que se apegou ao estado burguês brasileiro e vive para isso: cargos e mais cargos. É aquela que até faz um discurso com conteúdo social, porém aceita os termos e práticas neoliberais. Tanto é que assimila o conteúdo político do neoliberalismo e vive a apregoar sobre "gestão", sobre "responsabilidade fiscal" (pasmem!), sobre "educação para o empreendedorismo", sobre "parcerias público-privadas", sobre privatizações do patrimônio nacional via concessões não serem privatização (mais uma mentira que o povo sabe bem que é mentira). Não basta "acumularmos forças para 2022", como diz essa esquerda de gabinete.
A questão central sobre eleições municipais, em meio ao caos do governo fascista de Bolsonaro, a pandemia que massacra o povo, em meio à arena de horrores que muitas candidaturas praticam é: o que faremos nós, da Esquerda de luta, aquela que é anticapitalista, aquela que não se conforma com a injustiça social e sabe muito bem o significado da luta de classes, pois bem, o que faremos no dia 16 de novembro? O que faremos para além do calendário eleitoral, do calendário sindical, do calendário institucional?
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